domingo, janeiro 29, 2012

A Foz fria




Porque me apetece(des)pensar o pensamento.

Se me lembrar que era no "Molhe" onde o banheiro me (a nós, às crianças) apertava o nariz e nos mergulhava de costas nas ondas.
Se me lembrar que "as colónias" eram ali perto e no 2º dia de lá estar, fiquei doente de medo e saudade de casa.
Se me lembrar do mar, da infância esperançosa,
ou me esquecer do dia/noite em que olhei com mágoa,
uma estrela, a Vénus, ao desafio com a barca luminosa da Lua,
mesmo atrás da barreira de prédios,

deixo de pensar no nascimento e na morte
como um rio a nascer e a desaguar
no sempre.

quarta-feira, janeiro 25, 2012

... a limpidez das palavras




Se não serve para chorar, para saber, para aprender, para rir, para partilhar...
de que me serve este painel em branco,
ligado ao mundo tantas vezes irreal?

Hoje a notícia de um elo que se quebra, de um poeta e de um homem tão belo e alegre.
Conhecia-lhe o sorriso, a limpidez do pensamento e "das palavras".
Fica-me, a mim, tão pouco e tanto: o 1º livro. A folha do poema "Nem" onde parei.
Disse-lhe há tempos que precisava de o ler sem paredes, dizer alto os poemas, na praia ou no campo; mas sempre ao AR e livre.

Morreu-nos o teu verbo viver.

Que pena infinita, Mário, que não tivesses ficado MAIS tempo
com a tua família e connosco.

quinta-feira, janeiro 19, 2012

Lembrar ainda e sempre a limpidez







... e a força dos poemas. Tantos anos após o seu nascimento, uns anos depois da sua morte, um pouco de tempo para (lhe) extinguirem a "FUNDAÇÃO EUGÉNIO DE ANDRADE", precisamente o lugar onde viveu o Poeta, nos seus últimos anos, junto ao rio, junto à Foz.
Qualquer cidade, qualquer "presidente", qualquer país, se sentiria orgulhoso deste filho nosso.
O fim está ditado, leu-se nos jornais, assim no emaranhado de problemas e gastos... como se a Cultura fosse mais uma "acção da bolsa".

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver
gastos, como animais envelhecidos
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo no chão, apodrecidos.


("As mãos e os frutos" 1948 - Eugénio de Andrade 1923-2005)

domingo, janeiro 01, 2012

Ano Novo 1


"Dig it"

O velho, o usado.
Ousada a mente que ousa.